Todo ano é a mesma história: adolescentes, às vésperas do vestibular, sem média para aprovação, ficam “presos” no colégio, em aulas de apoio para as provas finais, enquanto seus amigos já estão aproveitando as férias. Estes adolescentes decidiram, ao longo do ano, se estudariam ou não. O controle de sua vida escolar esteve em suas mãos o tempo todo.
Indago-me, constantemente, por que muitos pais não acompanham os estudos dos filhos adolescentes, como o faziam, quando eram menores. Definitivamente, eles não são mais as mesmas criancinhas de alguns anos atrás, quando faziam o que o professor dizia, e não questionavam as ordens do pai e da mãe. No entanto, ainda são filhos e precisam de apoio, auxílio, incentivo, advertência e os limites necessários para seu desenvolvimento.
Esta questão de aprovação ou reprovação é extremamente delicada pois as práticas avaliativas, atualmente, são incompetentes para diagnosticar o desempenho de um adolescente se todos – alunos, professores e pais – não acompanham juntos os dias letivos o ano inteiro. Muitos pais de alunos adolescentes sequer sabem em que período do ano acontecem as “provas”, quais são os trabalhos solicitados ao longo do ano e tampouco qual a média anual de seus filhos.
Sempre acreditei que a a aprendizagem realmente se concretiza quando o ser humano compreende a utilidade deste aprendizado para sua vida. Só aprendemos aquilo que queremos aprender. Alguns alunos adolescentes questionam a utilidade de minhas aulas. Para eles, conhecer os movimentos literários, seus autores e obras, não serve para outra coisa, a não ser que “cai no vestibular”. E faltam aos compromissos acadêmicos deliberadamente, senhores que são de sua própria vida escolar.
No entanto, ao se depararem com as provas finais, os adolescentes tentam recuperar, em poucos dias, o que não tiveram o interesse de aprender durante o ano. Inicia-se o corre-corre atrás de professores particulares para compensar a deficiência. Ignoram que as tais aulas só são eficazes se eles próprios se conscientizarem de que poderão reter apenas o essencial. Do contrário, elas serão apenas um aumento no orçamento dos pais.
O professor toma para si a responsabilidade da reprovação, quando esta deveria ser compartilhada entre a escola e a família. Os pais precisam tratar seus adolescentes como filhos, em vez de abandoná-los à própria sorte, como adultos que ainda não são. Eles querem este controle, embora se rebelem a ele. “O pai moderno é aquele que estabelece limites com fundamentos educacionais.” (Tania Zagury).
Este é um jogo que pais e professores precisam aprender a jogar. Espero ter boas notícias até o final do semestre.
Imagem: daqui
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Oi Denise,
Eu não me orgulho disso, mas vou confessar: nunca fui uma adolescente estudiosa.
No entanto, meus pais sempre acompanharam meus estudos. Cobravam os compromissos que eu deveria cumprir e estavam sempre dispostos a me auxiliar em tudo (inclusive em assuntos de escola). Mesmo assim, é como vc disse, “a aprendizagem realmente se concretiza quando o ser humano compreende a utilidade deste aprendizado para sua vida”, e eu custei um pouco até adquirir essa consciência.
Nunca pude faltar aulas sem estar doente ou por um motivo muito pertinente. E sempre tive facilidade em aprender. O que eu não tinha era interesse, mesmo.
Na minha lógica de adolescente, não fazia sentido estudar o ano todo para poder sair de folga alguns dias mais cedo se eu podia ficar de folga o ano todo e deixar para estudar alguns dias no final 😛
Feio, né? Mas era assim que eu pensava, e só fui ter consciencia da importância de estudar na metade do curso de direito, minha segunda faculdade.
Então, acho que a culpa nem sempre é dos pais.
Claro, Maitê, a maioria pensa assim e deixa tudo para o final. Refiro-me, não à culpa dos pais, mas à responsabilidade de cobrar e exigir que os compromissos sejam cumpridos: o filho faltar às aulas, não fazer as provas, não entregar os trabalhos, porque não quis? Parece permissividade demais.
beijo, menina
Minhas filhas estão adolescentes. Continuo a controlar o andamento dos estudos como sempre fiz. Atualmente a mais velha está com problemas em grego, latim e italiano, três matérias que ela sempre tirou de letra. Fizemos (no plural) um plano de estudos para recuperar as deficiências dela, localizando exatamente onde ela está tendo problemas, quando e quantas horas de estudo dedicar a cada matéria e revisões. Tenho certeza de que ela irá se empenhar – até porque vou estar por perto para ajudar/controlar – e os resultados voltarão.
A função de um pai é a autoridade e a minha responsabilidade com os estudos das minhas filhas só terminará quando elas se formarem.
Pode soar autoritário, mas fazemos tudo com muita calma, sem castigos ou pressões, mas estar presente é fundamental.
Beijocas
Autoritário ou democrático, os responsáveis pelo adolescente precisam sim, acompanhar, controlar, pressionar, ou o nome que quiserem dar, os estudos. Certamente, por conta própria, poucos se interessarão em estudar, se não houver a quem prestar contas. Um adolescente livre não é responsável. Um adolescente responsável é livre. Parabéns por estar presente nos estudos de suas lindas meninas. Beijinho nelas!
Ola rodrigo sou tua fam sou de mosanbique gostaria que
voce viese gravar o seu programa aqui bj
ola rodrigo adoro o seu programa bj teresa mocanbique